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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sobre Sundance e o cinema independente (e claro, o curta vencedor)

O festival de Sundance é, como todo mundo já sabe, a meca do cinema independente. Cineastas iniciantes e propostas audiovisuais mais ousadas dividem as salas de cinema da pequena e fria cidade de Park City, que fica no estado de Utah. Há ali aqueles diretores que buscam usar o festival como trampolim para Hollywood e há também aqueles que se sentem confortáveis no underground, jogando com a liberdade que o cinema independente gera para eles (e o espaço que o festival dá para que essas obras sejam vistas).

 
Os filmes são divididos em várias categorias, que vão de documentários e ficções (sub-divididos em produções americanas e internacionais) a outras como NEXT (que se destina a formatos mais ousados), New Frontier (que usa recursos multimedia, 3D e afins) e Midnight (terror, comédia e outros filmes de gênero em sessões à meia-noite). E, como todo bom festival, tem a parte destinada aos curtas.

Os curtas, que normalmente já são considerados um formato para experimentação e para promoção pessoal, aqui estão em seu habitat natural (e, por isso, não ganham atenção diferenciada). Também estão divididos em documentários e ficção, tendo ainda uma seleção só de animações e outra, patrocinada pelo Youtube, que conta com a participação de nós, internautas.


O curta Catnip: Egress to Oblivion? (algo como Catnip: Saída para o Esquecimento?) do americano Jason Wilis foi o vencedor dessa categoria, já que teve mais pageviews no Youtube (o que também pode ser interpretado como o "prêmio do público"). 

Tive o prazer de ver na sala de cinema e funciona ali muito melhor, ainda mais com o público da meia-noite (que gargalhava a cada 10 segundos). O curta, um belo exercício de edição, foi feito, segundo o diretor, com 29 dólares (para comprar catnip e outros mimos aos "atores" do curta). E foi rodado com os gatos dos amigos em suas próprias casas e depois criado todo em pós-produção, dando sentidos (hilários) aos muitos movimentos e expressões dos felinos. Divirta-se. (Os demais vídeos que competiam com ele podem ser vistos na página do Youtube).



sexta-feira, 26 de outubro de 2012

E no fim, é só o começo – Parte 2 - Aberturas

Se a primeira parte deste texto usou a desculpa do aniversário de 50 anos de James Bond no cinema para falar da importância dos créditos nos filmes, a segunda se aproveita da estreia de ”007 – Operação Skyfall” como argumento para algo que a franquia do agente fez muitas vezes com maestria: as aberturas. Na estreia de Daniel Craig no papel, por exemplo, ela cumpre “apenas” a missão de “rebootar” a série e consegue com uma combinação de trilha e fotografia a la Hitchcock, arrebatar um novo público no tempo recorde de 4 minutos.



É quase matemático. Grandes filmes =  Grandes aberturas. Pequenas obras-primas que cumprem com louvor o papel de introduzir a história e que, quando geniais, sobrevivem isoladamente a ela. 
















Na literatura, uma boa sequência de início tem alguns macetes. Diferenças de linguagem a parte, essas do Joseph Bates têm muito a ver com o cinema. Para capturar o espectador, a sequência  deve: Começar com uma ação em progresso; Mostrar o tema sob a perspectiva do protagonista; Fechar um arco e mesmo assim, prender a atenção para o que vem depois e, estabelecer desde sempre que o “narrador” saiba “inserir” conceitualmente este “início” ao fim da história.





Mesmo produções que subvertem a lógica a partir de uma montagem não linear acabam se “rendendo” a pelo menos três destes parâmetros, é o caso de Pulp Fiction, que mesmo sem um protagonista definido, termina sua narrativa “circular” na mesma sequência inicial.




Eu poderia passar bem mais que qautro minutos falando sobre sequências antológicas: “Os Bons Companheiros”, “O Poderoso Chefão”, “Tudo Sobre Minha Mãe”, “Up!”, “Era uma vez no Oeste”, "O Rei Leão", "Expresso para Darjeeling", só pra começar... Mas, para não testar sua paciência (convenhamos, só o áudio já valia um capítulo a parte), termino o texto com uma das minhas sequências favoritas, extraída também da obra do Tarantino. Uma jóia onde cada pausa é essencial para contextualizar tanto a época, como o conflito que ronda o filme todo.  Quem não prendeu a respiração a cada segundo do diálogo entre Christoph Waltz e Dénis Menochet, perdeu um dos melhores "curtas" da história do cinema. Polêmica?  Fica pra próxima. Para um post que fala sobre “aberturas”, este já está enorme :)


Inglourious Basterds from One Scene on Vimeo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

People Change (enfim, em um Vimeo perto de você)


Mais ou menos um ano atrás eu concluía um curta-metragem (o meu primeiro), feito de forma extremamente barata (no campo "orçamento" do formulário de inscrição de alguns festivais eu coloquei algo como 5 euros, o preço de uma fita mini-dv), que servia inicialmente para ilustrar umas tantas idéias da minha tese de mestrado, que tinha como tema inovações em montagem no Cinema. O curta contou com a colaboração de alguns amigos e foi feito ao longo de uns seis meses em frente ao After Effects, nos meus meses finais em Barcelona. Ele tenta ilustrar algumas das tantas coisas que um montador pode fazer com os softwares de edição disponíveis, afim de ganhar sentido narrativo (as idéias por trás dele eu falei melhor aqui).

Neste ano ele rodou quatro festivais: a Mostra do Filme Livre e o Cinesul - Festival Latino-americano de Cinema e Vídeo, que acontecem no Rio de Janeiro; o Festival Locomotiva de Animação, que acontece em Garibaldi, no Rio Grande do Sul; e a VI Mostra Internacional de Curtas da Unioeste, Universidade de Toledo-PR (falei mais sobre dois deles aqui).

O resultado você pode conferir abaixo. Espero que goste.

People Change from Ricardo Kenski on Vimeo.


Fica aqui novamente meu agradecimento a todos que me ajudaram a realizá-lo. E aos festivais que acreditaram na idéia.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sobre 007 (gadgets, segredos e claro, bondgirls)

"Quem é o vilão que conseguiu parar James Bond? São os problemas financeiros da MGM, dona dos direitos sobre a franquia mas que está arcada sob o peso esmagador de uma dívida de 4 bilhões de dólares". Notícia vai, notícia vem, fato é que cada vez está mais difícil para os fãs de 007 verem um novo filme, o que seria o número 23 da série. Problemas financeiros do estúdio complicam a produção do novo filme, ainda mais porque digamos que um filme do 007 não é o que poderíamos definir como sendo "baixo orçamento".



Para ajudar a baixar a espectativa, fiquemos então com o curta-metragem Secret Stash do taiwanês (!!!) Yiting Cheng. Não tem bond girls, não tem efeitos espetaculares, super vilões, Aston Martins ou Martinis ("Shaken, not stirred"). Mas tem a ver com uma das minhas partes prediletas de todos os filmes, desde criança (tirando as bondgirls): a parte dos gadgets. Uma pessoa que acompanha os filmes do detetive sempre quer saber o que mais pode ser colocado no relógio, na mala, no carro ou na caneta dele (no bom sentido, é claro) e como estas novas coisas vão salvá-lo no final do filme. Pois este curta, que não tem nada a ver com a série, dá algumas possibilidades de onde esconder coisas na sua casa, para você pelo menos se sentir mais próximo do James Bond (já que não dá para ter as bondgirls).


E se você esqueceu dos momentos marcantes da série, aqui um pequeno documentário de 10 minutos, com o genial Desmond Llewelyn, que interpreta o Q (o quê?), comentando alguns dos principais gadgets.



Ok, faltou bondgirls? Então aqui no Youtube tem uma lista com as 10 mais, ou se preferir, as 20 mais, para você. Música ruim, imagens de pouca qualidade e edição sofrível. Mas são bondgirls afinal de contas. Ah, Ursula Andress...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Origem (e a origem) de Christopher Nolan

Vá se preparando para um dos filmes do ano, que estréia nesta sexta-feira (ao menos em São Paulo). É o novo experimento de Christopher Nolan, o diretor inglês que já te deixou perturbado com Amnésia e Insônia e te divertiu um bocado com os dois últimos filmes do Batman.


O filme em questão se chama A Origem (Inception, no original) e conta com Leonardo DiCaprio (fazendo outro policial num mundo fantástico, como em A Ilha do Medo, que comentamos aqui), o casal amigo das boas comédias românticas: Ellen Page (do Juno) e Joseph Gordon-Levitt (de 500 dias com ela) e Michael Caine, um dos prediletos do diretor. E tem esse trailer animal aqui, que te deixa realmente com uma bela de uma expectativa:



E já que falamos do A Origem, de Chrisopher Nolan, me parece interessante também falar da origem de Christopher Nolan, ou melhor, de um dos primeiros filmes que o diretor fez (e que o ajudou a se lançar no mercado cinematográfico). Se chama Doodlebug (1997) e já foi lançado numa das edições de curtas europeus do bacana Cinema 16. Poderíamos interpretar como um típico exercício de escolas de cinema: foi feito em 16mm, uma única locação, um só ator, em preto-e-branco, sem diálogos. Ainda assim, o exercício ficou bem interessante e já mostra um pouco o universo em que viria a trabalhar futuramente o diretor: drama psicológico com influência de sonhos e alucinações, que nesse caso fica bastante surreal. Interessante também saber que no curta ele trabalhou como diretor, roteirista, câmera e também editor. Confiram o resultado abaixo.



Santa expectativa para o novo filme, Batman!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Herzog, Onde Está Wally? e Plastic Bag

O diretor alemão Werner Herzog já fez de tudo. Já fez filmes cults alemães, como O Enigma de Kaspar Hauser ou Nosferatu; já gravou no Brasil seu Fitzcarraldo, com José Lewgoy, Grande Otelo e Milton Nascimento; e já até atuou como ator em um filme do Dogma-95, pro americano doidão Harmony Korine.


O que ele não fez mas alguém fez para a gente é imaginar como seria sua interpretação do clássico infantil Onde está Wally? (vídeo abaixo).



Não é a primeira vez que alguém faz uma paródia com o diretor alemão como tema (falamos de outra aqui). No canal de RyanIverson, autor do vídeo têm outras versões, mas para livros não tão conhecidos por nós.

A inspiração para a sátira pode ter vindo de Plastic Bag, do diretor Ramin Bahrani, que Werner Herzog narrou no ano passado. Filme simpático e politicamente correto (e por tanto sério) que narra a vida de uma sacola de plástico. Algo entre as pirações com sacolas de plástico do Beleza Americana e a construção dramática do Ilha das Flores do Jorge Furtado (certamente o melhor curta-metragem nacional).



Seja na tiração de sarro ou num curta politicamente correto vemos aqui dois exercícios bem interessantes relacionados ao cineasta Werner Herzog. Já que ele sempre apoiou os novos diretores, imagino que ele também não deva ver grandes problemas nessas outras adaptações de seu estilo, mesmo que seja na base da tiração de sarro. Não deixa de ser uma homenagem afinal de contas.

terça-feira, 1 de junho de 2010

People Change no Cinesul e no Festival Locomotiva

O meu curta-metragem, o People Change (falei melhor sobre ele aqui), foi selecionado para mais dois festivais nacionais.


O primeiro é o Locomotiva, interessante festival de animação que acontece na cidade de Garibaldi, no Rio Grande do Sul, entre os dias 7 e 12 deste mês (semana que vem por tanto). Ele participa da Mostra Competitiva Nacional. Será exibido dia 09, quarta-feira, às 19h00. Clique aqui para ver os outros selecionados para a mesma mostra. Abaixo a propaganda do Festival que foi colocada hoje na home pages deles.



O outro é o Cinesul, Festival Latino-americano de Cinema e Vídeo, que acontece na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 15 e 27 deste mês. O meu curta-metragem foi selecionado dentro da mostra dedicada à arte e experimentações visuais. O Festival se extende a vários espaços da cidade e abrange muitos estilos e gêneros diferentes. Uma interessante forma de conhecer outros aspectos e formatos da produção latina. Clique aqui para ver os outros selecionados para a mesma mostra que a minha.


Quem puder, compareça aos festivais. Certamente terá muita coisa diferente e interessante por aí. Eu já estou comemorando muito esta seleção para os dois festivais, interessantes propostas do nosso país no meio audiovisual, que inclusive têm focos bem diferentes.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Dando a cara a tapa

Falar é fácil, fazer é difícil? Aí abaixo o meu Reel com um punhado de coisas que fiz para emissoras/produtoras diferentes ao longo dos anos.

Ricardo Kenski - Reel (Edição/Animação) from Ricardo Kenski on Vimeo.

Para ver alguns dos trabalhos na íntegra, aqui os links dos que estão publicadas na net (com a descrição do que fiz neles):
Edição e arte para o videoclip "Rodeados y Tan Solos".
Edição e arte para o videoclip "Sol Sin Luz".
Composição de alguns takes do videoclip "Lately".
Animação para 3 vídeos da Eletrobrás (pelo Estúdio Mol). Aqui o primeiro, o segundo e o terceiro.
Edição para o vídeo de lançamento do Youtube em português.

Que não está no Reel, mas gosto muito:
Edição e arte para o vídeo "Copans" - TCC do Galileo Giglio.
Edição para o curta-metragem "Exercício de Fotografia". Dir: Paula Kim. (Neste link está na verdade só o trailer).

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dança e montagem (em um vídeo e um longa-metragem)

Como mostrar uma apresentação de dança/expressão corporal em um vídeo interessante, que ao mesmo tempo em que ilustra de forma clara os movimentos, utiliza bem os recursos da linguagem audiovisual?

O vídeo Atelic dirigido pelo tal DuckEye é uma ótima resposta a esse desafio. Idéia simples, boa coreografia da equipe de dança (a tal Rambert Dance Company) e uma ótima composição em montagem de toda a apresentação, que joga com os espaços criados pela grade em primeiro plano para criar uma apresentação completamente nova. Em um primeiro momento vemos muitos corpos e movimentos se misturarem; em um segundo, vemos dois ou mais movimentos de uma mesma pessoa em quadro. A montagem serve para ilustrar todas essas possibilidades e criar algo bastante inovador. Não só compõe o espetáculo, como dá ritmo (e as transições de uma ação para outra através do jogo com os quadrados são geniais) e cria esse visual diferente, que usa muito bem o potencial dos dois meios.

Atelic from duckeyejey on Vimeo.

O vídeo me lembra o ótimo exercício feito por Lars Von Trier e Jørgen Leth no filme Cinco condições (2003). Nesse documentário que mostra a produção de cinco adaptações de um curta famoso de Jørgen, feitos sob condições impostas por Lars, vemos ótimos usos da montagem em curta-metragens diferentes, que se apóiam na animação, na ficção e no documentário. No filme, não só o resultado dessas provocações é muito interessante, como o diálogo entre esses dois diretores e o caminho que eles percorrem para chegar à esses resultados também são. O vídeo a seguir mostra a primeira dessas adaptações, rodada em Cuba. Uma das condições de Lars obrigava o outro diretor, famoso por usar planos longos, a cortar a cada 12 quadros. A manipulação da ação que o diretor faz em montagem, compondo uma dança fragmentada é também bastante interessante.


quinta-feira, 20 de maio de 2010

Quando o making of é melhor que o curta-metragem

Com vocês, o curta-metragem canadense Nuit Blanche do diretor Arev Manoukian, da interessante produtora Spy Films. Esta produtora é conhecida por um bom e diferenciado uso do 3D nos diferentes curta-metragens que faz, a maioria deles de ficção-científica. Um dos diretores inclusive, é o sul-africano Neill Blomkamp, famoso pela direção do filme Distrito 9 (que falamos aqui).


Em Nuit Blanche, vemos como transformar quatro pessoas gravadas em um fundo Chroma em um curta-metragem interessante, com visual extremamente trabalhado (mais um exmplo da tal "mágica" do Chroma Key, que falávamos aqui). Confiram abaixo o curta-metragem na íntegra.

Nuit Blanche from Spy Films on Vimeo.


E agora vejam como eles criaram esse visual interessante, mistura de filme de época em preto-e-branco com batidas de carro estilo Matrix e efeitos 3D próprios da linguagem publicitária (que lembra para mim o trabalho do diretor russo Timur Bekmambetov) apenas combinando e manipulando diferentes imagens que já existiam, durante o processo da pós-produção. É um desses casos que o making of acaba sendo tão ou mais bacana que o próprio curta-metragem. No melhor estilo "Mister M", muitas vezes é mais legal saber o que está por trás do truque. Divirtam-se.

Making Of Nuit Blanche from Spy Films on Vimeo.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Conheça Jonathan Hodgson! (ou: como misturar perfeitamente animação e vídeo)

Um cara que se relaciona bastante com essas idéias do post anterior e que aplica isso para a publicidade e para ótimos curtas-metragens que faz desde 1981 é o inglês Jonathan Hodgson. Figura presente em muitos festivais de animação (o Anima Mundi já fez até uma retrospectiva sobre o trabalho dele) e compilações de animação inglesa (o ótimo livro Animation now! da Taschen também o cita), ele sabe como poucos misturar vídeo e animação para chegar a ótimos resultados. E não só o visual é bem interessante como ele acaba gerando sentido para essa interação entre as duas coisas, representando de forma bastante livre aspectos da imaginação, do pensamento, do subconsciente e da linguagem dos sonhos.

O curta Feeling My Way, de 1997, é para mim o melhor exemplo dessa linguagem (e certamente um dos meus curtas prediletos). Aqui ele tenta ilustrar o que passa pela cabeça de uma pessoa (consciente ou inconscientemente) durante um rápido percurso a pé, da própria casa para a casa de um amigo. Como nos exemplos anteriores, o vídeo que foi gravado não tem nenhuma graça; é o simples caminhar de alguém. Mas a animação gera um resultado bem interessante, agregando significados diferentes para as coisas do dia-a-dia. Vejam abaixo (é pena que a qualidade do vídeo não está muito boa).



Outro curta dele que gosto muito é o The Man With The Beautiful Eyes, que ele fez logo depois, em 1999, e dessa vez, inteiramente em animação. Baseado num poema do Bukowski, de 1992, ele conseguiu criar um ritmo bem interessante em uma narrativa que mistura imagens e texto e que se relaciona com o universo infantil.



Para conhecer mais sobre o Jonathan Hodgson e ver alguns curtas mais recentes, onde ele segue experimentando nessa mistura entre vídeo e animação com resultados bem interessantes, entre na página dele. Os curtas estão todos lá, na íntegra, junto com uns tantos desenhos, umas animações para publicidade e até o showreel do cara. Um ótimo passatempo, eu diria.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Stop Motion com recortes de revistas (ou: fazendo animação com fotos que outros já tiraram)

Genial o vídeo do tal Tilles Singer intitulado "Skateboardanimation".

Recortando fotos de revistas especializadas ou se apropriando de imagens que encontrava na net ele conseguiu fazer um stop motion bastante criativo, situando as manobras dos skatistas em lugares inusitados. O que antes era uma pista de rua agora vira uma cartolina, uma agenda ou uma caixa de clips, por exemplo.


No fim, ele mostra que para um bom stop motion você nem precisa ter um vídeo ou fotos que você mesmo produza como base. No caso do skate, muitas publicações e foruns da internet já ilustram as diferentes manobras em sequências grandes de fotos (em geral bem tiradas e com boa qualidade). Cabe a quem quiser usar esse material para transformar em um vídeo bacana. Aqui, o legal não é a manobra de skate em stop-motion e sim a composição que ele fez dessas fotos com os novos ambientes.

Assistam ao vídeo abaixo:

Skateboardanimation from Tilles Singer on Vimeo.



Como dica de leitura que se relaciona bastante com este tema, indico o livro "Pós-produção" do francês Nicolas Bourriaud. Em seu ensaio ele nos mostra muitos exemplos interessantes de pessoas que produzem obras artísticas se apropriando de coisas pré-produzidas. Fala que a grande pergunta hoje em dia não é "O que vou fazer?" e sim "O que vou fazer com?". Na lógica de hoje quase que é mais legal fazer coisas com o material que já existe por aí do que produzir algo novo, do zero. Material de base e referências legais é o que não falta.

Info bibliográfica (do que eu li):
BOURRIAUD, Nicolas. Postproducción. Buenos Aires: Adriana Hidalgo editora, 2007

segunda-feira, 29 de março de 2010

Quando a montagem é a história

Engraçado ver um curta-metragem depois de ter feito o meu que poderia ser muito bem entendido como uma influência. No curta "Linia" do polonês Grzegorz Rogala, de 1981, vemos também jogos com a montagem muito interessantes em diferentes situações. Ele cria um elemento (a tal da "linha" do título) e através dela divide espaços e personagens, interage com as pessoas, cria novos ambientes...

Usa assim a montagem para criar elementos narrativos e brinca com o que é real ou não, enganando o olho do espectador. Mais uma vez a graça está em perceber os elementos que estão sendo criados em montagem e visualizar estes espaços compostos, criados através da interação com este elemento gráfico. Mais um produto do que chamo ser a "montagem visível" e que vai contra a idéia americana de que perceber a montagem é afastar-se da história. Aqui a montagem é a história.

Um curta interessante, com bom desenvolvimento, que utiliza os elementos específicos do cinema (seria difícil ou sem graça explicar a história literalmente) para mostrar situações novas, através de espaços urbanos conhecidos e situações cotidianas. Não se baseia em "o que vou fazer em frente à câmera" e sim "como vou usar o que acontece em frente à câmera".

Aproveite! (E sempre que quiser coisas legais em animação, uns vídeos diferentes com umas boas sacadas, procure os polacos. Nunca falha!)

terça-feira, 23 de março de 2010

Punto y Raya Festival (ou: como fazer bons vídeos com poucos elementos)

Outro festival de curta-metragens que se apóia na montagem e também sugere novas possibilidades de vídeos é o interessantíssimo "Punto y Raya Festival" (ou Festival do ponto e traço). Surgiu em Barcelona, Espanha e já vai ter edições este ano aqui perto da gente, na Argentina, no Chile e no Peru (ainda sem previsão para uma edição brasileira). A idéia do festival é bem simples (segundo a descrição da página do festival):

"O festival que ganhou o título de 'mais abstrato do mundo' explora as possibilidades criativas do ponto e da linha em diversas esferas da ciência, arte e pensamento. Nada de figuração, somente pontos e linhas como matéria-prima".


Dentro desse conceito temos curtas-metragens, pequenas peças mais próximas da videoarte, videoclips, instalações, apresentações de VJs, vinhetas... É legal que o festival, em cima de um conceito minimalista, acaba sendo bastante inovador, até porque se baseia bastante em possibilidades de design e inovações no uso dos softwares de pós-produção. Mais que texto, diálogo e atores, aqui o que vale é a sacada, a idéia, o ritmo, o visual. Aí embaixo você vê o que rolou na edição do ano passado, que contou com toda essa mistureba aí. E logo depois, o interessante vídeo "Sonar" de Renaud Hallée, elogiado pela página do facebook do festival e que ilustra bem o conceito deles. Como os próprios dizem no "manifesto": "Se você acredita na causa e tem censo de humor... junte-se!"




Sonar from Renaud Hallée on Vimeo.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Disposable Film Festival (ou: como transformar qualquer imagem em movimento em um curta-metragem)

Quase todo computador, celular, câmera fotográfica e afins hoje em dia tem uma câmera de vídeo acoplada. Além desses, existem outros métodos pouco ortodoxos de capturar imagens em movimento, seja pelas câmeras de segurança que existem em tudo que é lado (e sabe deus se existe mesmo alguém por trás de cada uma dessas câmeras) ou mesmo pela gravação da tela do computador, em screen capture. A idéia do interessante "Disposable Film Festival" é usar qualquer tipo de imagem em movimento para produzir curtas-metragens. É o famoso "o conceito é mais importante que o visual".


"Let's face it - we live in an age of disposable film. Now it's time to do something creative with it."

Interessante e democrática idéia do festival, que abre a possibilidade de qualquer um com certo conhecimento tecnológico e uma idéia na cabeça virar cineasta. Acho legal quando a idéia de um festival gera novas possibilidades de histórias. Ainda mais quando o que importa não é muito o "que" está sendo contado e sim "como". E muitas destas possibilidades tem logicamente a ver com um bom uso da montagem.

Abaixo o teaser explicativo do festival. E depois um curta que participou na última edição, feito por alunos da USC americana, todo feito com um... scanner! (Mais infos aqui).




quarta-feira, 3 de março de 2010

As idéias por trás do meu People Change (ou: transformando teoria em prática)

Em setembro do ano passado concluí um curta-metragem em Barcelona que em teoria funcionava como a parte prática da minha tese de mestrado. A tese tinha como tema o que eu chamei ser "Montagem Visível" (ou a montagem cinematográfica que é percebida pela audiência) e como ela acaba sendo um elemento narrativo a mais, algo interessante, que fascina o espectador. Diferente da visão que muitos têm de que a montagem quando é percebida distancia o espectador da história. Como exemplos de diretores que sabem usar bem esse recurso poderiam estar: Eisenstein, Godard, Oliver Stone, Greenaway, Gondry, Tarantino, Lars Von Trier, Aronofsky, Kusturika, Guy Ritchie, entre muitos outros.

O curta para mim funcionava como um diálogo entre o "Tango" de Rybczynski (comentado aqui) e o "Intervals" de Peter Greenaway (veja abaixo), dois bons exemplos do uso da montagem em curta-metragens.



Do primeiro tiro a idéia que eu já discuti aqui no blog, de se pensar dentro do quadro (a tal da Montagem Vertical), alterando e manipulando as imagens capturadas em um plano fixo. Do segundo tiro a idéia de usar um material meio aleatório para isso, no caso, as pessoas que passam do outro lado da rua, os carros que cruzam, as situações cotidianas que acontecem em frente da câmera e que nós não temos controle (próximo à lógica do documentário). Tudo isso usado para o fim de ilustrar alguns pontos da tese e assim, acaba servindo de exemplo de como um montador consegue gerar elementos narrativos apenas manipulando os diferentes recursos dos softwares de edição. E nisso há slows, fasts, composições de imagens, animações de diferentes estilos. Achei legal chegar na hora da edição apenas com uma idéia inicial do que pode ser feito e ir com o tempo encontrando significado no cruzamento entre as diferentes coisas que aconteceram em frente da câmera.

O curta acaba de ser selecionado para a interessante Mostra do Filme Livre, que acontece este mês no Rio de Janeiro e previlegia o cinema independente, alternativo, livre das tais leis de incentivo (ver a página do festival aqui). Por isso não está disponível na Internet (desculpa!); a exclusividade deve ser dos tais festivais. Mas deixo vocês com algumas imagens dele abaixo, para que possam visualizar (ou imaginar) um pouco melhor o que acontece.

Para fazer o curta contei com a essencial (e genial) ajuda de Gustavo Junqueira na captura de imagens; animação de André Berger, Bruno Bertogna, Edgar R. Pinho, Julia A. Baranguán, Paty Blumenthal e Thiago Assan Piwowarczyk; e música de Fábio Massa.

Gostaria então de agradecer nesse espaço à Mostra do Filme Livre, por apostar nesta idéia, e a todos estes que fizeram com que o curta-metragem ficasse tão legal como ficou.