
Ontem vi o primeiro episódio de Walking Dead. Certamente os fãs do gênero devem achar ele meio novelinha, muito blablaba entre uma explosão de cabeça e um zumbi mutilado. Eu achei bem bacana. É mais um a provar que, pelo menos em se tratando de roteiros, o legal está mesmo na TV a cabo americana. É uma boa aposta no final das contas. Bem executado, bem escrito, com planos bem bacanas, efeitos e maquiagem impecáveis. E aqui está o principal (que pode explicar de certa forma o blablabla do roteiro): o zumbi em si, a cabeça mutilada e a pessoa sem perna, por si só, já não impressionam muito mais (ainda que no caso da série garanta bons momentos). Se antes o legal era pensar "como esses caras fazem isso", agora já tem milhões de vídeos na internet e programas de TV que mostram o making of dos inúmeros filmes de zumbis. As passeatas de mortos-vivos que têm por aí (e teve uma recentemente em São Paulo, a da foto abaixo), já estão se bobear mais profissas que muitos filmes de baixo orçamento. Então a idéia é dar uma nova cara ao gênero. Tentar torná-lo verossímil de novo. E o roteiro é parte essencial disso.

Mas falando em efeitos, truques e aspectos relacionadas à pós-produção, acho legal eles não esconderem no material extra de divulgação como as coisas são feitas (e nem transformarem isso em show, também). Veja o vídeo abaixo por exemplo, onde vemos Robert Kirkman, criador da HQ que deu origem à série e agora produtor executivo, falar sobre o assunto ao mesmo tempo em que vemos o zumbi mutilado (o primeiro que o personagem principal vê ao sair do hospital), com tecido azul ao redor das pernas para posterior recorte do chroma.
Este zumbi mutilado serve também para ilustrar outro ponto desta discussão entre o que desconhecíamos antes e agora já conhecemos de sobra. Em uma aula, o diretor de arte espanhol Andrés Hispano usava a história da mágica para ilustrar a mudança da visão das pessoas sobre os efeitos. Dizia ele que antes nos surpreendíamos com mágicos de shows grandiosos, como David Copperfield. Este fazia um show para se ver ao vivo e o povo caía totalmente nos truques do ilusionista. Dali passamos para o David Blaine (vou pular o Mister M, desculpa), mágico minimalista que dominava a linguagem da televisão e fazia truques muito simples (quase idiotas) parecerem muito mais autênticos que os do anterior. E por último teríamos o Criss Angel, mágico que nasceu no Youtube, com truques impressionantes em vídeos de péssima qualidade (difícil para ele foi convencer os outros que a Paris Hilton tava mesmo dando bola quando tirou a foto).

Andrés usava essa mudança para falar como o público liga hoje em dia muito mais para o conteúdo do que para a definição propriamente dita (até por termos agora câmeras simples e televisões "baratas" em HD). Como exemplo, comentava que o surgimento do Dogma-95 no mesmo ano em que vazou o polêmico vídeo da Pamela Anderson com o Tommy Lee não era coincidência; os dois apontavam para esta idéia de menos definição e mais conteúdo (no caso da Pamela, que conteúdo!). E neste processo, se antes duvidávamos da produção do Copperfield, agora caímos na do Criss Angel sem contestar muito; a graça está em cair no truque afinal de contas. Mesmo ele fazendo uns truques bem safados através de pura manipulação em edição (+ atores contratados). Os truques dele viram qualquer porcaria se você passar a pensar que ele está sempre mudando coisas que você não vê entre um corte e outro (e desculpa Criss, mas o Buster Keaton já fazia isso bem melhor que você quase um século atrás). O vídeo abaixo, que ele parte uma mulher ao meio, já é um clássico (e aqui, finalmente, a ligação com o outro zumbi, do Walking Dead).
Em tempo: se quiser saber qual é o truque da mágica acima, e que tem relação com edição, como falei, é só clicar aqui. Fácil e rápido, como a internet sempre possibilita.

Mas falando em efeitos, truques e aspectos relacionadas à pós-produção, acho legal eles não esconderem no material extra de divulgação como as coisas são feitas (e nem transformarem isso em show, também). Veja o vídeo abaixo por exemplo, onde vemos Robert Kirkman, criador da HQ que deu origem à série e agora produtor executivo, falar sobre o assunto ao mesmo tempo em que vemos o zumbi mutilado (o primeiro que o personagem principal vê ao sair do hospital), com tecido azul ao redor das pernas para posterior recorte do chroma.
Este zumbi mutilado serve também para ilustrar outro ponto desta discussão entre o que desconhecíamos antes e agora já conhecemos de sobra. Em uma aula, o diretor de arte espanhol Andrés Hispano usava a história da mágica para ilustrar a mudança da visão das pessoas sobre os efeitos. Dizia ele que antes nos surpreendíamos com mágicos de shows grandiosos, como David Copperfield. Este fazia um show para se ver ao vivo e o povo caía totalmente nos truques do ilusionista. Dali passamos para o David Blaine (vou pular o Mister M, desculpa), mágico minimalista que dominava a linguagem da televisão e fazia truques muito simples (quase idiotas) parecerem muito mais autênticos que os do anterior. E por último teríamos o Criss Angel, mágico que nasceu no Youtube, com truques impressionantes em vídeos de péssima qualidade (difícil para ele foi convencer os outros que a Paris Hilton tava mesmo dando bola quando tirou a foto).

Andrés usava essa mudança para falar como o público liga hoje em dia muito mais para o conteúdo do que para a definição propriamente dita (até por termos agora câmeras simples e televisões "baratas" em HD). Como exemplo, comentava que o surgimento do Dogma-95 no mesmo ano em que vazou o polêmico vídeo da Pamela Anderson com o Tommy Lee não era coincidência; os dois apontavam para esta idéia de menos definição e mais conteúdo (no caso da Pamela, que conteúdo!). E neste processo, se antes duvidávamos da produção do Copperfield, agora caímos na do Criss Angel sem contestar muito; a graça está em cair no truque afinal de contas. Mesmo ele fazendo uns truques bem safados através de pura manipulação em edição (+ atores contratados). Os truques dele viram qualquer porcaria se você passar a pensar que ele está sempre mudando coisas que você não vê entre um corte e outro (e desculpa Criss, mas o Buster Keaton já fazia isso bem melhor que você quase um século atrás). O vídeo abaixo, que ele parte uma mulher ao meio, já é um clássico (e aqui, finalmente, a ligação com o outro zumbi, do Walking Dead).
Em tempo: se quiser saber qual é o truque da mágica acima, e que tem relação com edição, como falei, é só clicar aqui. Fácil e rápido, como a internet sempre possibilita.