É... A terceira temporada de “The Walking Dead” chegou ao fim...
E
para lidar com o luto e a sensação de vazio, dor, raiva e desejo de vingança
que o último episódio deixou, compartilho aqui (sem as doses cavalares de
dramalhão mexicano que os últimos adjetivos deixaram) uma pequena aula de
efeitos visuais que ficaram como herança (ok, sem mais brincadeiras com morte. Rs).
O fato é que, goste ou não da série, uma coisa é inegável: eles cuidam do
resultado “gráfico” final e, em se pensando numa produção que exige agilidade e
volume, algo típico da tv, o resultado anda bem bom.
PS: Se você tem problemas
com SPOILERs, melhor não ver.
Assim
como nos dois anos anteriores, a Stargate , empresa
de Vancouver, se responsabilizou pelos efeitos visuais. Misturando muita maquiagem,
uma boa ajuda dos cenógrafos, a paciência da equipe e horas e horas de
finalização, eles mostram que todo o cuidado dos primeiros arcos tem evoluído de
acordo com a história. Se no início, os zumbis eram mortos à distância (o que “facilitava”
qualquer trucagem), agora o close-up toma conta. Mais acostumados à realidade
do “pós-apocalipse”, os personagens enfrentam as ameaças de perto e, com o fim
do estoque de armas, usam todo tipo de artifício (martelos, tacos de baseball
e qualquer objeto perfurante) para acabar com as “coisas”, dando mais trabalho à equipe de pós-produção.
Mas boa parte da diversão dos efeitos visuais é perceber o que
não se vê. Toda a parte “gore” e a paleta com texturas de sangue (sim, eles
possuem uma) estão explícitamente lá, o mesmo não se pode dizer das cidades destruídas, das ordas de zumbis, da prisão….
Enquanto você espera (ou não) pela próxima temporada, deixo também
aqui os reels com os efeitos das duas primeiras. Pensa bem: Se o apocalipse
acontecer, estaremos digitalmente preparados. Quem viver, verá... ou não. Rs.
Ansioso para ver mais pessoas sendo mutiladas e mortas, assassinatos casuais com toques familiares? Pois para os "órfãos" da série, eis um videoclipe que serve perfeitamente para "matar" a saudade, enquanto a sexta temporada não vem.
O responsável por esta atrocidade é o grupo super-povoado canadense Social Broken Scene (os televisivos acima) e a música se chama Sweetest Kill, do último álbum deles, o Forgiveness Rock Record (do ano passado). O clipe saiu esta semana e mostra a bela Bijou Phillips (que já atuou em filmes como Quase Famosos) envenenando e fazendo picadinho do namorado (e não estou usando metáforas aqui). Veja abaixo.
Matador o videoclipe, não? Já Dexter deve estrear somente no final do ano (já que recomeçaram as gravações não faz muito tempo) e contará com os convidados Edward James Olmos (da série Battlestar Galactica), Colin Hanks (de O.C.) e o rapper Mos Def (do divertido Rebobine, por favor). É esperar para ver.
(Se você é fã de Dexter vai gostar de ler isso AQUI também).
Me deram alta. Hoje finalmente acabei de ver a primeira temporada da série In Treatment (aqui Em Terapia), produção da HBO (atualmente em cartaz em sua terceira temporada). Se você não conhece eis aqui uma rápida publicidade desta primeira temporada da série:
E se você não sabia, a série é uma adaptação de uma produção israelense feita três anos antes com basicamente os mesmos personagens e conflitos desta primeira temporada americana. Aqui a apresentação (mais detalhada que a anterior) da série original:
Algumas idéias que me fizeram ficar viciado na série: 1. O formato é genial. Episódios curtos, de menos de 30 minutos, que vão ao ar de segunda a sexta, cada um deles com o paciente do dia (o de sexta é para supervisão, ou seja, ele é o paciente). Isso não só é um fator viciante como dá um dinamismo bem grande à série; muitas vezes você se pega querendo pular uma semana para descobrir logo o que acontece com o personagem (o que eu na verdade não recomendo).
2. Há ali todo tipo de conflito: amoroso, profissional, familiar, etc. Cada hora você acha que tem mais a ver com um paciente (e um tipo de conflito) e isso costuma variar bastante ao longo da temporada.
3. O roteiro é primoroso. Diálogos objetivos, que conseguem prender e instigar o espectador ao mesmo tempo que garantem bom ritmo e soam naturais em quase todo o tempo (pelo menos para mim), tendo bom desenvolvimento ao longo da temporada.
4. Ao ver o filme Inception/A Origem, de Christopher Nolan, me perguntei se aquilo não poderia ser mais denso e mais perturbador (sendo também mais efetivo), entrando mais na cabeça (aqui também literalmente) dos protagonistas e expondo os conflitos, sem tantas explosões e tiros para tudo que é lado. Algo que seria no final das contas mais complexo e feito, possivelmente, de forma mais barata, já que você não cria tantas situações mirabolantes. Seria algo como o eXistenZ do Cronenberg, só que não tão viajado ou bizarro.
Pois bem, o In Treatment entra nessa categoria. Por que não gastar a meia hora do episódio focando apenas na interação entre as duas pessoas, em um ambiente fixo, sem maiores ações, flashbacks ou representações fictícias do que está sendo falado? Essa era a proposta da série e me parece extremamente efetiva. É dado ao espectador o poder da imaginação (assim como trabalha o psicanalista diariamente) e essa é a graça da coisa.
5. (e aqui chegamos ao tema central deste blog) A série é um ótimo exercício de direção e principalmente, de montagem. Ao trabalhar basicamente com diálogos, um único ambiente, sem maiores apoios cenográficos, com apenas dois atores, sentados, falando por meia hora, é preciso representar os movimentos que, em um processo psicanalítico, representam coisas -falam tanto quanto o diálogo- além de dar bom ritmo e prender o espectador.
Há dois pontos que me parecem especialmente representativos dessa idéia e que ilustram possivelmente as duas coisas mais complicadas do trabalho de montagem:
a. Ação/reação. Um exemplo claro disso tínhamos também nos filmes (também só de diálogos) Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-sol, dirigidos por Richard Linklater. Ao colocar duas pessoas também conversando durante toda a duração do filme, eles tinham que, a todo tempo, mostrar a pessoa que fala (e que sugere algo) e a que que reage (aceitando ou rechaçando algo). Mais que isso, eles tinham que representar em gestos o que não é dito: um olhar que provoca; um não que quer dizer sim; uma levantada de sobrancelha desconfiada. E aí está boa parte do trabalho do montador, sabendo quando mostrar a ação e quando sugerir a reação, durante um diálogo, optando cada hora por um plano diferente. A mesma preocupação existe na série.
b. Quebra de eixo/direção do olhar. Eis uma das coisas mais dificilmente explicadas em aulas de direção e que o montador tem que estar a toda hora atento durante o processo. Ao inverter o eixo da câmera, colocando ela numa posição oposta ao sentido em que estava (em relação à ação), mudam-se as direções de olhar e sentido da ação, confundindo o espectador. O que em geral se atém para não parecer um erro, na série é usado com sentido narrativo. Ao trocar de uma hora para outra o eixo da câmera, passando para o outro lado da ação (do ombro esquerdo para o direito do analista, por exemplo), os olhares dos personagens trocam de direção, fazendo com que estes assumam posturas diferentes. O que antes estava em uma posição de defesa (e olhava para a esquerda da tela em boa parte das vezes) passa a assumir posição de ataque, olhando para o lado oposto. É um fator desconhecido para boa parte do público (que não percebe como tal) mas que certamente acaba influenciado por este tipo de linguagem (ou ao menos temos a tendência a pensar que sim). Dá de qualquer forma uma intenção para cada plano (e aqui valoriza o trabalho do diretor), além de um ritmo e uma dinâmica muito interessante (e o do montador também). Fica muito mais legal analisar o diálogo quando você está ciente dessas coisas; e pode interpretar que papel cada personagem está desempenhando nos diferentes momentos da série.
Tá dada a dica. (se quiser, clique aqui para ver em streaming o primeiro episódio - e ficar viciado para sempre).
Um dos melhores acontecimentos do audiovisual mundial em 2010 foi certamente a série Boardwalk Empire, da HBO americana, criada por Martin Scorsese e estrelada por Steve Buscemi (dois caras geniais). A empresa de efeitos Brainstorm Digital divulgou agora (que a primeira temporada terminou) um vídeo mostrando como eles fizeram a perfeita ambientação da série, que recria os anos 20 de Al Capone. Trabalho impecável (e criativo) que mistura grandes cenários a composições feitas em pós-produção através do recorte em Chroma (e muita criação em 3D). Vejam o vídeo abaixo (pros que estão no meio da série - como eu - o vídeo pode mostrar uma coisa ou outra que ainda não apareceu, já aviso. Mas não tira a graça das duas coisas - vídeo e série- na minha opinião. Pode ver sem medo).
E se você acha que está aí o grande trabalho de criação da série, aqui vai um time lapse do canal da HBO no Youtube, mostrando o imenso trabalho de criação do set principal da série, que aparece muitas vezes no vídeo acima.
Um e outro mostram o trabalho preciso e demorado que está por trás da criação da série e que ninguém nem imagina (mas admira). Depois disso, fica alguma dúvida da importância da série? Se você ainda não viu, vá atrás.
E por falar em Chroma Key, um bom exemplo está também em outro post, que mostrava a criação por trás do filme A Troca, do Eastwood. A recriação dos dois foi feita de forma bem parecida, inclusive. Clique aqui se quiser ler mais a respeito.
Já que falávamos de chamadas televisivas no post anterior, eis aqui uma que consegue jogar com o universo da Série, criar uma boa expectativa e ter uma idéia bacana por trás, apoiada por uma excelente direção de arte.
Me refiro à chamada que o canal Cuatro espanhol fez para a série Lost.
O Cuatro é um dos canais da Espanha que melhor sabe usar o 3D; em geral não usa apenas para o letreiro do filme ou série e consegue sempre criar uns elementos interessantes como inserir o logo da emissora dentro da cena, interagindo com o personagem principal em pequenos teasers. Nada muito novo, mas pelo menos ali é bem feito e convence. Neste exemplo do Lost, eles criaram um bom conceito (o do jogo de xadrez) e os elementos estão muito bem integrados às imagens originais.
A Chamada parece que teve apoio dos criadores e uma versão (com a voz de Terry O'Quinn, o Lock) foi feita posteriormente nos Estados Unidos. Aqui vai ela. Para ver a original, com o locutor espanhol, clique aqui. Eis uma boa chamada para uma excelente série. Coisa rara.