Pouco tempo atrás estava em cartaz nos cinemas brasileiros o filme Os Infratores. Com um grande elenco formado por Shia LaBeouf (famoso pela série Transformers), Guy Perce (de Amnésia), Mia Wasikowska (a nova Alice), Tom Hardy (o Bane) e Gary Oldman (o Comissário Gordon), o filme também marcava mais uma parceria entre John Hillcoat (o diretor) e o músico Nick Cave (que assinou o roteiro do longa-metragem).
Já acostumados a trabalharem juntos nos videoclipes (e no cinema) faz um bom tempo, o diretor lança hoje o vídeo para a nova música de Nick Cave, Jubilee Street. Com belíssima fotografia, uso da letra da música transformada em diálogos (na boca dos 3 personagens) e atuação de Ray Winstone (de filmes como Hugo e Branca de Neve e o Caçador), o videoclipe poderia até lembrar o Amor à Flor da Pele do Wong Kar Wai, pela temática e fotografia (além de também contar com cenas bastante ousadas). Confiram o resultado abaixo.
A essa altura você provavelmente já viu Gangnam Style (o hit do verão coreano) das mais diferentes formas: da versão gaúcha ao mashup russo do Michel Teló; da versão do Deadpool a Flash mobs por diferentespartes do mundo. Mas a versão que você deveria mesmo ter visto (pelo menos, dentro deste blog) é a versão sem áudio (até porque, convenhamos, a música nunca foi lá essas coisas).
Nova perversão videoclípica e novo exercício de edição, a "técnica" consiste em tirar a música e colocar efeitos em cada um dos takes, simulando como ficaria o vídeo se fosse editado usando apenas os sons naturais, captados diretamente.
Como você pôde ver, Gangnam Style sem música vira uma obra surrealista e esquisofrênica, mais parecendo um experimento do David Lynch que um videoclipe de uma música pop. Mostra também que muitos videoclipes não se sustentam e não ganham significado sem a presença da música, sendo a edição, em boa parte dos casos, uma junção meio ao acaso e desconexa de diferentes vídeos. As imagens estão ali para ditar o ritmo e gerar um clima associado à música, não precisando ter necessariamente um sentido.
Caso diferente disso é o cinema, onde a música e a trilha sonora têm a função de dar ritmo e gerar climas específicos (principalmente nos filmes de gênero, como terror e suspense). Bom exemplo contrário, de como a música amplia o poder das imagens, você pode ver no vídeo abaixo, com dois mestres das duas coisas (direção e trilha sonora): Steven Spielberg e John Williams.
O nome da banda vale também para o figura que editou o vídeo. Usando uma música do rapper Sir Mix-A-Lot, um cara que gosta de cinema e não edita profissionalmente misturou falas de 295 filmes para recriar a letra da música. Segundo ele, demorou quatro meses para terminar o ambicioso projeto. E agora, em pouco mais de uma semana, já conseguiu quase 3 milhões de visualizações.
Divirtam-se. (A letra da música aparece automaticamente. Ligando o closed caption você pode ver os títulos dos filmes. Arraste o texto para outro lugar da tela se quiser ver melhor).
Nova fórmula do sucesso para bandas de público jovem que querem ter milhões de visualizações em seus novos videoclipes: pedir para a galera mandar as fotos do instagram, juntar tudo em um videoclipe fofo com letrinha bonitinha e esperar que todas essas pessoas saiam por aí divulgando a participação.
É o que fizeram os ingleses do Vaccines para a música Wetsuit. Intercalando fotos que as pessoas mandaram e alguns poucos vídeos, registraram diferentes lados de uma de suas apresentações ao vivo. O resultado é meio chocho e a musiquinha não me convence. Mas eles já garantiram seus muitos page views.
Como tudo, essas coisas não demoram para chegar no Brasil. Os conterrâneos Móveis Coloniais de Acaju fizeram a mesma coisa para música também fofa, desta vez em projeto mais ambicioso. Juntaram mais fotos, fizeram uma composição com todas elas e tentaram alguns pequenos truques de edição, como fotos para ilustrar momentos da música e até um ou outro stop-motion.
Mas acho que de todos esses o que ficou mais interessante é também o mais modesto. Os americanos do A Place to Bury Strangers simplesmente juntaram um monte das fotos que, pelo visto, eles mesmos tiraram durante a turnê e montaram um videoclipe com isso. Legal que não encheram a tela e mantiveram o tamanho das fotos originais e no final há também alguns stop-motions simples. Simpático, casou também com a música (não tão fofa no caso deles). Pura estética aqui, sem querer angariar fãs apelando pro crowsourcing. Ponto para eles.
Fica a ressalva: o A Place to Bury Strangers toca em São Paulo no Beco203 no dia 11 deste mês, por singelos 30 reais. Caso raro de boa música com ingresso honesto. Merece nosso respeito e divulgação, portanto. Não percam!
Agora que Jared Leto, Juliette Lewis, Charlotte Gainsbourg e até Scarlett Johansson decidiram passar das telas de cinema para o cenário musical (com maior ou menor êxito), não é nada mal recordar alguns atores que deixaram seu registro nos videoclipes fazendo, aí sim, o que fazem de melhor: atuando.
Começando pelo cult ator sueco Stellan Skarsgård, que agora provavelmente ficou rico com os Vingadores mas que, na verdade, merece o nosso respeito por estar em Ondas do Destino (1996), Dançando no Escuro (2000), Dogville (2003) e Melancolia (2011). (Quase ganha do Udo Kier e do Jean Marc-Barr em parcerias com o Lars Von Trier). Agora atua num clipe estranho da mais estranha Lykke Li (sabe-se lá porque razões).
Não voltando muito no tempo e continuando nos clipes bem produzidos, fiquem com o estiloso Stylo dos Gorillaz, que conta com um implacável Bruce Willis perseguindo os famosos personagens animados (poderia ser entendido como um clipe dos Muppets on acid).
Os Beastie Boys recentemente chamaram TODO MUNDO para atuar no media-metragem Fight for your Right, dirigido pelo Adam Yauch (que Deus o tenha). Mas poucas formações musicais seriam mais interessantes que essa da cleptomaníaca Winona Ryder (a foto lá em cima tá foda, não?) atacando de Jon Spencer com Giovanni Ribisi (de Friends) no baixo e John C. Reilly (de Magnólia) na batera.
A qualidade é tosca e o clipe é bem estranho. Mas é uma música do Shane Macgowan (dos Pogues) aqui dirigido e atuado pelo Johnny Depp (que já até tocou com eles ao vivo).
E para encerrar (e contrapor toda a beleza do Shane Macgowan), fiquem com Marion Cotillard fazendo uma ponta em 2003 para música do tal Richard Archer.
Alguém aí com alguma lembrança interessante de um videoclipe que conta com a participação especial de seu ator predileto?
Nada se cria. Tudo se copia. Na publicidade mais que em qualquer outra área audiovisual.
Uma trucagem visual de um videoclipe (que já tínhamos falado em outro post), veio parar em uma publicidade recente. O truque em questão aparece no famoso videoclipe de 1234 da cantora Fiest. A publicidade é a do festival Primavera, que acontece em Barcelona neste final-de-semana (ele é o meu festival favorito). No final, ao contrário de todas as publicidades (e publicitários) preguiçosos (99% dos casos) que copiam coisas já vistas no cinema ou nos videoclipes, aqui o truque acho que acabou funcionando, até porque as duas coisas dialogam (música e festival de música). E se no primeiro o truque era feito para abrir e fechar o videoclipe, na publicidade ela é feita muitas vezes (e em menor tempo). Trata-se nos dois casos de um plano-sequência trucado onde um elemento (uma pessoa) serve para mascarar uma ação que passa a acontecer no segundo plano.
Relembre abaixo o videoclipe e veja na sequência a publicidade. (E claro, se você não mora em Barcelona, morra de inveja de quem verá Jeff Mangum, Wilco, Beirut, Franz Ferdinand, The Rapture, Yo la Tengo, the Drums e mais um milhão de bandas, em apenas um final-de-semana).
O músico canadense Chad Vangaalen mal sai da sua cidade natal, Calgary. Faz um som calmo, trabalhado, próximo ao de bandas como Fleet Foxes ou Iron & Wine. Atualmente pela Sub Pop, já conta com quatro discos no currículo (o último é de 2011). Mas o melhor de tudo é que além de músico ele também é ilustrador e animador, com um estilo talvez mais interessante que o musical.
Combinando as duas vocações (a musical e a visual) ele cria um outro universo, cheio de seres mágicos, natureza exuberante e seres coloridos (ecos de Avatar talvez?), que poderia muito bem lembrar o cartunista francês Moebius ou o animador japonês Hayao Miyazaki (de A Viagem de Chihiro e Ponyo - Uma Amizade que veio do Mar), dois gigantes das artes visuais.
Fiquem abaixo com alguns dos belos trabalhos do artista (no sentido mais amplo da palavra).
ps. Fica aqui o agradecimento ao amigo Luis Fernando que sempre ajuda esse blog com umas tantas belas dicas.
Eles lançaram um dos bons álbuns de 2011; fizeram um videoclipe com belas sacadas de edição e alguns vídeos legais para o La Blogothèque (aqui explicados em detalhes); e ainda encerraram o ano fazendo curadoria para a edição natalina do festival inglês ATP (ao lado das bandas Caribou e Les Savy Fav). E mais: os Battles conseguiram desenterrar o Gary "Cars" Numam para uma insólita parceria em uma das poucas faixas cantadas do novo álbum (mas que até acabou funcionando). Em outro belo videoclipe do grupo, vemos um plano-sequência trucado, com planos de câmera bem diferentes e situações meio surreais. Merece portanto nosso destaque (e nosso respeito) como das boas coisas que aconteceu neste 2011.
Nas ideias fracas e sem sentido de 2011 não resta outra a não ser o bizarro encontro entre o agora morto-vivo Lou Reed e uns também desenterrados Metallica. Como explica Lars Ulrich no vídeo abaixo, o projeto nasceu sabe Deus da onde e vai levar eles sabe-se lá para que infernos (e se ele não sabe o como, nós nos perguntamos o porquê). Ainda fica frizado com cara de bobo depois, para melhorar a explicação (aqui sim um acerto do editor do vídeo promocional).
Pior ainda é constatar que nem o genial Darren Aronofsky (diretor do Cisne Negro, que rendeu um Oscar a Natalie Portman esse ano), conseguiu ajudar alguma coisa no primeiro videoclipe oficial do projeto para a suposta melhor música do disco. Se no filme ele acertava, com diferentes sacadas de edição para apoiar uma atuação exemplar e uma história instigante (como falava outro post), aqui ele não gera nem muito ritmo, nem planos bem pensados ou bonitos (e ainda deixa o Lou Reed parecendo mais estranho do que já está). Uma lástima para encerrar o ano.
De qualquer modo, ficam aqui meus votos de felizes festas, comemorações e afins. Que 2012 nos surpreenda positivamente (e deixem os velhinhos músicos envelherecem em paz, por favor).
O começo tenta ser suave, tons neutros, quase sépia. Não usam cortes secos; ao invés disso, "esfumaçam" os cortes com fusões por cores, integradas aos planos, que mostram os detalhes dos instrumentos e escapam para os fundos.
Quando a música começa a "pegar", bateria entrando mais forte, cortes rápidos começam a aparecer e aí sim um corte seco transporta o espectador para outro plano, outra fotografia, outra ideia: enquanto um adolescente corre pelas ruas, takes da cidade entram em edição bem rápida -acompanhando a batida da bateria- e planos compostos (simulando mosaicos) da banda se misturam a tudo isso.
Do meio pro final vemos o elemento fantástico criado para o videoclipe: o que seria o rosto do adolescente é na verdade um mosaico de olhos, boca e nariz, composto estranhamente e bem integrado à imagem. A banda fala que para isso usou como referência o trabalho do artista Jeremy Olson, mais precisamente sua série de quadros. Lembra para mim (e lembrará claramente para qualquer apreciador de videoclipes) alguns trabalhos do inglês Chris Cunningham, neste caso muito menos perturbador.
O final do videoclipe é uma mistura de todas essas linguagens, acelerando o ritmo da edição até o plano final, onde acontece o que poderia ser encarado como o desfecho da história (e a composição e o efeito 3D estão aqui, mesmo que de forma mais simples, bem empregados).
Isso é o que se vê no videoclipe para a música Nova Leigh, destaque do segundo álbum da banda canadense Born Ruffians.
O videoclipe pode ser considerado um trailer para o trabalho musical da banda e as demais ideias artísticas que eles usam. Não só o tratamento empregado aqui em vídeo dialoga com a capa do disco (há ali o mesmo mosaico com partes do rosto), como a música também apresenta muitas nuances existente nas demais faixas (vai do calmo ao mais ritmado, mudando também de estilo).
A música no fim é a responsável por dar a unidade a todas essas ideias visuais e o resultado é positivo. O videoclipe pode ser também encarado como um manual de muitas ideias diferentes de edição e, só por isso, já merece o nosso respeito. Ponto para eles.
Ok, fui só no domingo. Então Sonic Youth, Primus, Megadeth e Faith no More estão fora da disputa. E o melhor show do dia que eu vi acabou ganhando no WO, já que o Modest Mouse não apareceu por problemas logísticos (segundo a organização). Não falo da louca da Courtney Love, que entre um discurso, um desfile de moda e uma discussão de relacionamento (sem qualquer um dos respectivos) tocou uma música ou outra (tocou?); ou do Duran Duran, do Peter Gabriel ou da briga com o Ultraje a Rigor. O melhor show do dia aconteceu à tarde, ainda claro, no palco menor. O nome da banda? !!! ou Chk Chk Chk (como você achar melhor).
No show em questão o vocalista Nic Offer ofereceu ao público (trocadilho bilingue aqui) um show memorável. Não bastasse ter as melhores sequências de dança já vistas, ainda pulou do palco e se juntou ao público pelo menos umas quatro vezes (o vídeo feito para o show do SXSW mostra também essas duas características dele).
O grupo nova-iorquino faz um som alegre, dançante e despretencioso e já conta com quatro discos no currículo. E o melhor: sabem também fazer videoclipes. E com geniais truques de edição. Como no clipe para "Jamie, My Intentions are Bass" que você vê a seguir.
Truques de edição bem simples e bem compostos dão a graça da coisa. No vídeo de making of (também muito bem editado) eles mostram as ideias e a equipe por trás de tudo isso (educativo, inclusive).
E como se já não bastasse, deixo vocês com Nicasso, the Wonderful, vídeo que mostra que o vocalista, além de cantar, dançar e empolgar públicos de festivais mundo afora, também ataca de mágico (fazendo interessantes truques -aqui, de edição).
Vídeo bacana, animado de forma bem simples, que mostra uma batalha entre muitas capas de disco (a maioria dos anos 80/90). Não só a ideia é interessante e bem executada como vale para lembrar dessa saudosa época em que as capas de disco eram realmente importantes. Dali vinham, em muitos casos, todo o conceito visual das bandas, que demoravam muito para chegar em países como o nosso (se chegavam) e nem sempre tinham videoclipes de suas músicas (ou não tinham um canal muito apropriado para mostrar eles). Como é o caso dos Dead Kennedys, por exemplo, que através do famoso símbolo (que aparece no vídeo), ilustrou infinitos cadernos no meu colegial, tornando aulas de biologia muito mais prazerosas (ou menos tediantes).
Expectativa para o show do The Sea and Cake, que logo mais toca no Sesc Pompéia, em São Paulo. Banda de Chicago que faz um som calmo e bem criativo. Já contam com oito álbuns no currículo (existem desde 94), todos muito acima da média. Everybody, álbum de 2007, é certamente um dos meus álbuns prediletos, destes que são bons do início ao fim (coisa rara nos dias de hoje).
Pros que não conhecem, abaixo um excelente videoclipe da banda, para a música Weekend, presente no último álbum, o Car Alarm, de 2008. O ritmo da edição e das imagens acompanha bem o ritmo da música, no geral lento mas também criativo. Imagens bem captadas, que até lembram o Suburbs do Arcade Fire, mas aqui, nada de exércitos, histórias mais complexas ou outras aplicações (como o média metragem que apareceu depois). Apenas o registro desses bonitos momentos da adolescência, ordinários e ao mesmo tempo cheios de significados.
Se os shows do OK GO, do Foals e do Metronomy, vinham depois de videoclipes meio malucos, cheios de ideias visuais e maiores produções, para o de hoje espero apenas um bom show, sem muita produção, mas com um belo conteúdo (como é o caso do videoclipe acima).
Logo mais toca em São Paulo os Foals. Ninguém tá dando muita bola, já que vão abrir pros Red Hot Chili Peppers, mas é certamente uma das melhores coisas a aparecer na música nos últimos anos. Som inteligente, indie rock dançante bem trabalhado que também vai na onda do math rock (mas sem ser tão cabeçudo quanto os Battles). Tocaram no Planeta Terra faz uns 3 anos e agora voltam com um segundo disco a um espaço bem maior (mas ainda como show de abertura).
Uma das coisas que acho bacana na banda (e por isso merece destaque nesse blog) é como eles conseguem trazer essa lógica algo matemática da música para os videoclipes, o que acaba sendo representado principalmente através do uso da edição. Cortes bem rápidos acompanhando a música, manipulações da velocidade, misturas de linguagens e um bom uso dos estúdios, seja simplesmente com a banda tocando ou fazendo umas tantas ações esquisitas (como os muitos corações da ótima Cassius). Os videoclipes acabam tendo sempre essa mesma lógica também por terem sido dirigidos pelo tal Dave Ma, que é um antigo amigo da banda (com exceção do primeiro abaixo, Hummer, que foi dirigido por Ollie Evans).
Em tempo: Já que hoje também é dia de Red Hot Chili Peppers, fica aqui também a lembrança DESTE VIDEOCLIPE, certamente um dos mais importantes da história dos videoclipes (e que marcou -e muito- minha adolescência).
Pros que moram em São Paulo e conseguiram o (concorrido) ingresso, hoje tem show do Metronomy no Beco 203. Som inteligente e simpático, rock alternativo com eletrônico e umas outras tantas coisas na mistura. Projeto do tal Joseph Mount que lançou o terceiro álbum este ano com um integrante a menos e dois a mais (entrou a bela Anna Prior na bateria e Gbenga Adelekan no baixo; Oscar Cash contina na guitarra). Mas certamente a coisa mais genial em relação à banda são os videoclipes. Desses que, assim como faz o OK GO, acabam virando uma perfeita visualização para a música e fique com ela associada para sempre (você escuta a música, lembra deles na hora).
Para mim, de todos, o melhor é ainda o videoclipe para a música A Thing For Me, do segundo álbum (com a antiga formação, portanto). Uma bela brincadeira com a tal da bolinha do Karaokê, com umas tantas sacadas de edição e bons trocadalhos visuais em cima da letra da música. Vejam abaixo.
Todos os outros videoclipes também são bem bons (vai por mim), com destaque para os do último disco: The Bay (também com umas boas ideias de edição); The Look (com uma boa e simples animação em stop-motion); e She Wants (mais um desses que vai de trás para a frente, só que muito bem realizado).
Agora é ver como que tudo isso é feito no show, ao vivo. A expectativa é boa.
Visual dos anos 70. Música com ukelelê e assobios. Letterings em planos com enquadramentos diferentes. Divisões de telas. Figurino retrô - estilo nerd com uniforme do colégio. O videoclipe da música 5 years time da banda inglesa Noah and the Whale tem tudo isso aí, em uma clara homenagem ao universo cinematográfico de Wes Anderson (é certamente a melhor homenagem ao diretor em videoclipes, além de ser também um bom exercício de edição). Veja abaixo.
A homenagem ao Wes Anderson é justificada: o nome Noah and the Whale vem da junção do nome de Noah Baumbach com The Squid and the Whale. Explico: A Lula e a Baleia (nome em português) é um filme alternativo de 2006 escrito e dirigido pelo tal Noah Baumbach, que teve inclusive uma indicação ao Oscar de roteiro. O filme tem as boas atuações de Jeff Daniels (de Débi & Lóide?), Laura Linney (de The Big C), Jesse Eisenberg (de A Rede Social) e Anna Paquin (de True Blood) e o melhor (para os amantes da boa música): trilha sonora da dupla Dean & Britta (ex-Luna e Galaxie 500), que passaram recentemente pelo Sesc Pompéia de São Paulo, em boa apresentação. Como roteirista, Noah também assina O Fantástico Senhor Raposo (2009) e A Vida Marinha de Steve Zissou (2004), dois importantes (e geniais) filmes do Wes Anderson (que produziu o A Lula e a Baleia; os dois são da mesma ceninha, portanto).
A música do videoclipe faz parte do primeiro álbum, o Peaceful, the World Lays Me Down, de 2008, e é o hit que lançou a banda, colocando eles nos 10 mais vendidos das paradas inglesas. De lá para cá, a Laura Marling (que aparece no videoclipe) saiu e terminou o namoro com o cara, lançando uma boa carreira solo; e eles se levaram mais a sério, lançaram videoclipes mais produzidos e ficaram, por conta de tudo disso, mais chatos; como no videoclipe de Life is Life (música que abre o terceiro álbum, o tal Last Night On Earth) em que vemos algo como se fosse o Mika invadir o Suburbs do Arcade Fire com o elenco do Glee (clique AQUI para vê-lo no blog amigo Musicapavê).
Saiu um novo videoclipe dos Dodos (minha banda favorita dos últimos 5 anos). Desta vez para a música Good (coerente, inclusive). Videoclipe rápido, minimalista, em preto-e-branco, com poucos elementos visuais. Como é afinal a música dos caras (o que é também coerente); basta ver que a banda são só esses dois caras, uma guitarra e uma bateria bem básica (mas que sabem jogar muito bem com essas duas coisas). E se o efeito da água é manjado e já foi usado por milhões de canais de tv, principalmente como elemento para a videografia, nenhum desses tinha usado com uma música bacana como essa (morte às mesmas trilhas-brancas de todos os canais, inclusive).
Aí vai. Aproveite.
Esse preto-e-branco, poucos elementos gráficos, me lembraram inclusive a arte do (ótimo) Let England Shake, último álbum da PJ Harvey (certamente um dos destaques deste 2011). No lugar de milhões de efeitos e cores, poucos e expressivos elementos como já também entregavam os Dodos no título do último álbum: No Color.
Mais um videoclipe para a série "grave qualquer coisa e depois tente criar um videoclipe bacana na edição". É o que faz a norueguesa Ida Maria (que apesar de nova sempre me lembra os nomes de duas avós que fazem parte da minha família) para o videoclipe Oh My God. É só a banda tocando, em um espaço genérico. Mas o videoclipe tem umas tantas sacadas de edição, que fazem a graça da coisa. Saca só.
Oh my god é também o nome de uma música dos Cults, banda novaiorquina que lançou não faz muito tempo seu primeiro álbum e já chama alguma atenção (não confundir com o gótico e oitenteiroThe Cult). A música faz parte do Adult Swim Singles Program, que disponibiliza para download uma música por semana de artistas alternativos, patrocinado pela Kia, associado à franquia do Cartoon Network (você pode baixar música e disco no canal deles). O programa também é responsável pelo videoclipe, simples mas interessante (alguns poderiam dizer que é fofo), mas sem lá muitas ideias interessantes em relação à edição.
Outro clipe dos Cults já tem ideias mais interessantes de edição e é feito com uma produção mais elaborada: o vídeo para a música Abducted, primeira faixa do disco, mistura situações surreais, composições simples de imagens e temática próxima ao universo de David Lynch - estradas, personagens e situações estranhas, neblinas, alusões a sonhos, morte, etc.
Lembra também o videoclipe do The Dodos para a música Companions (que você viu AQUI). Confira abaixo.
O Battles é dessas bandas que de tão cabeçudas ficam até difíceis de escutar. Poderia ser classificado como post-rock (já que lembra outras bandas como Explosions in the Sky e Toe) ou como math-rock (o que acho mais adequado na verdade, já que a estrutura do som dos caras parece mesmo matemática). Acaba sendo difícil pegar um CD e escutar de cabo a rabo mas, por outro lado, ver os vídeos para as músicas deles é extremamente interessante. Eles já tinham lançado videoclipes no primeiro álbum, para as músicas Atlas (em que se apresentam em um gigante cubo de vidro) e Tonto (em que jogam bastante com luzes). Agora lançam o segundo álbum e fazem vídeos bem diferentes para promover (seria mais ilustrar) as músicas.
O primeiro, o videoclipe para a música Ice Cream é mais uma das pirações de edição que funciona (e que gostamos). Ali vemos quase tudo: alterações de cor; imagens sobrepostas trucadas (a menina repetida em quadro); jogo de máscaras (a banda recortada misturada com outras ações); muitos takes em meia-fusão (e o take do mergulhador no bikini é sensacional); entre tantos outros. Foi feito pela produtora catalã CANADA (vai entender...) que já tinha feito o videoclipe para o também espanhol El Guincho (e aqui também abusou das mulheres lambendo coisas esquisitas, como você viu aqui). Confira abaixo.
E aqui vemos a ideia da banda sobre a música (que não é nada demais) e um saboroso (já que a música trata de sorvetes) making of do videoclipe, gravado com a Canon 7D.
Aproveitando o bom momento, eles fizeram uma genial apresentação para os franceses do La Blogothèque (certamente a melhor coisa a aparecer na música dos últimos 10 anos) em um lugar incrível: em um dos salões da prefeitura de Paris. Famosos por fazerem sempre vídeos em plano-sequência, uma só câmera, som direto, dessa vez o blog resolveu situá-los em um lugar diferente e gravar com cinco câmeras (o que possibilita umas tantas manipulações em edição). Vejam abaixo as duas músicas gravadas por eles. Bom, não?
O tUnE-yArDs (pior é que se escreve assim mesmo) é uma das mellhores descobertas musicais dos últimos tempos. O projeto (quase) solo da tal Merrill Garbus, de gênero meio indefinido (o allmusic define como folk lo-fi experimental), faz uma colagem de sons como eu nunca tinha visto. E melhor, faz isso ao vivo.
Nas gravações do disco e nas apresentações ao vivo (como a que você verá abaixo) ela conta com a participação de dois saxofonistas e um baixista (formação incomum, inclusive); e ela se encarrega de todo o resto. Isso quer dizer fazer toda a percussão (em cima de poucos instrumentos), cantar (e no caso dela é algo bem mais complexo - além de meio esquisito) e tocar um ukelelê. Complexo porque a música dela é feita na melhor lógica corta-e-cola: o que é cantado ou tocado uma vez vira um looping (com ajuda de pedaleiras), que vai se somando às outras camadas, criando a interessante mistura dela (que ela mesmo define como cut and paste patchwork). Na música abaixo, aí pro final dela, temos a combinação de umas quatro camadas de looping do vocal, umas três da bateria e mais o vocal e o ukelelê dela mesmo, que aí sim vai fazendo na hora. É quase trazer a lógica da música eletrônica para o que entendemos como tradicional, compondo à medida que toca. Confira.
Depois de outra música da mesma apresentação da rádio ela fala um pouco mais sobre o conceito das montagens. Aqui vai música e entrevista.
E ela já lançou um videoclipe, que também tem suas boas sacadas de edição, para a música Bizness (a primeira aí de cima).
Para mais duas músicas da apresentação da rádio, clique aí: Doorstep e You Yes You. Genial, não?
Ansioso para ver mais pessoas sendo mutiladas e mortas, assassinatos casuais com toques familiares? Pois para os "órfãos" da série, eis um videoclipe que serve perfeitamente para "matar" a saudade, enquanto a sexta temporada não vem.
O responsável por esta atrocidade é o grupo super-povoado canadense Social Broken Scene (os televisivos acima) e a música se chama Sweetest Kill, do último álbum deles, o Forgiveness Rock Record (do ano passado). O clipe saiu esta semana e mostra a bela Bijou Phillips (que já atuou em filmes como Quase Famosos) envenenando e fazendo picadinho do namorado (e não estou usando metáforas aqui). Veja abaixo.
Matador o videoclipe, não? Já Dexter deve estrear somente no final do ano (já que recomeçaram as gravações não faz muito tempo) e contará com os convidados Edward James Olmos (da série Battlestar Galactica), Colin Hanks (de O.C.) e o rapper Mos Def (do divertido Rebobine, por favor). É esperar para ver.
(Se você é fã de Dexter vai gostar de ler isso AQUI também).