segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dança e montagem (em um vídeo e um longa-metragem)

Como mostrar uma apresentação de dança/expressão corporal em um vídeo interessante, que ao mesmo tempo em que ilustra de forma clara os movimentos, utiliza bem os recursos da linguagem audiovisual?

O vídeo Atelic dirigido pelo tal DuckEye é uma ótima resposta a esse desafio. Idéia simples, boa coreografia da equipe de dança (a tal Rambert Dance Company) e uma ótima composição em montagem de toda a apresentação, que joga com os espaços criados pela grade em primeiro plano para criar uma apresentação completamente nova. Em um primeiro momento vemos muitos corpos e movimentos se misturarem; em um segundo, vemos dois ou mais movimentos de uma mesma pessoa em quadro. A montagem serve para ilustrar todas essas possibilidades e criar algo bastante inovador. Não só compõe o espetáculo, como dá ritmo (e as transições de uma ação para outra através do jogo com os quadrados são geniais) e cria esse visual diferente, que usa muito bem o potencial dos dois meios.

Atelic from duckeyejey on Vimeo.

O vídeo me lembra o ótimo exercício feito por Lars Von Trier e Jørgen Leth no filme Cinco condições (2003). Nesse documentário que mostra a produção de cinco adaptações de um curta famoso de Jørgen, feitos sob condições impostas por Lars, vemos ótimos usos da montagem em curta-metragens diferentes, que se apóiam na animação, na ficção e no documentário. No filme, não só o resultado dessas provocações é muito interessante, como o diálogo entre esses dois diretores e o caminho que eles percorrem para chegar à esses resultados também são. O vídeo a seguir mostra a primeira dessas adaptações, rodada em Cuba. Uma das condições de Lars obrigava o outro diretor, famoso por usar planos longos, a cortar a cada 12 quadros. A manipulação da ação que o diretor faz em montagem, compondo uma dança fragmentada é também bastante interessante.


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