sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Montagem, diretores e o Super Bowl

"E se o Super Bowl fosse dirigido por grandes diretores?"

É o que o vídeo do tal Andrew Bouvé tenta responder. Mais que nada, um interessante exercício de edição, já que é o próprio que escreve, produz e edita o pequeno filme. Ali, vemos as misturas de linguagem, telas divididas e o uso da animação (com influência japonesa) de Tarantino. Movimentos para frente e para trás, áudio separado de vídeo, planos desconexos para causar a estranheza de um David Lynch. O Slow, as telas de abertura e o "This Time Tomorrow" dos Kinks dando ritmo a la Wes Anderson. O bom título de abertura, locução em francês e interessantes comentários vindos de um espectador em uma romântica homenagem a Godard. E um documentário artístico de um possível Herzog.



Interessante associação feita por ele e excelente homenagem em um exercício de montagem a estes que poderiam ser considerados alguns dos que melhor sabem usar este recurso atualmente dentro do cinema americano (francês no caso do Godard). Não só todos eles têm um estilo característico, como boa parte deste estilo existe justamente pelo uso da montagem. No caso do Godard, daria para jogar melhor com a montagem inclusive: usando os jump cuts característicos de seu "Acossado" (1959) ou a mistura de linguagens e lettering de sua série para TV "Histoire(s) du Cinéma" (1998), por exemplo. Outro que poderia estar neste vídeo é Oliver Stone, mais um dos grandes da arte, mas que já tem um filme inteiro com o tema do futebol americano e sua Super Bowl (extremamente bem montado, diga-se): o "Um domingo qualquer", de 1999. Muito mais difícil seria fazer uma adaptação estilo Woody Allen, Irmãos Cohen ou Jim Jarmusch, por exemplo, diretores que como estes também poderiam ser considerados "alternativos", mais que são muito mais reconhecíveis pela estrutura do roteiro ou perfil dos personagens.

Esta possível chamada do evento televisivo, um cruzamento entre o que poderia fazer uma ESPN e uma HBO, não subestima a inteligência do espectador (como faz quase toda a programação da TV aberta nacional, incluindo as chamadas) e usa seus recursos para ampliar outros conceitos. Um bom exercício que deveria ser cultivado.

2 comentários:

  1. jump cut é um corte seco usado para dar um salto no tempo dentro de um mesmo plano. é como se você tirasse uns tantos frames do meio dele. dá aquele salto mas o plano continua o mesmo. entende?

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