quarta-feira, 3 de março de 2010

As idéias por trás do meu People Change (ou: transformando teoria em prática)

Em setembro do ano passado concluí um curta-metragem em Barcelona que em teoria funcionava como a parte prática da minha tese de mestrado. A tese tinha como tema o que eu chamei ser "Montagem Visível" (ou a montagem cinematográfica que é percebida pela audiência) e como ela acaba sendo um elemento narrativo a mais, algo interessante, que fascina o espectador. Diferente da visão que muitos têm de que a montagem quando é percebida distancia o espectador da história. Como exemplos de diretores que sabem usar bem esse recurso poderiam estar: Eisenstein, Godard, Oliver Stone, Greenaway, Gondry, Tarantino, Lars Von Trier, Aronofsky, Kusturika, Guy Ritchie, entre muitos outros.

O curta para mim funcionava como um diálogo entre o "Tango" de Rybczynski (comentado aqui) e o "Intervals" de Peter Greenaway (veja abaixo), dois bons exemplos do uso da montagem em curta-metragens.



Do primeiro tiro a idéia que eu já discuti aqui no blog, de se pensar dentro do quadro (a tal da Montagem Vertical), alterando e manipulando as imagens capturadas em um plano fixo. Do segundo tiro a idéia de usar um material meio aleatório para isso, no caso, as pessoas que passam do outro lado da rua, os carros que cruzam, as situações cotidianas que acontecem em frente da câmera e que nós não temos controle (próximo à lógica do documentário). Tudo isso usado para o fim de ilustrar alguns pontos da tese e assim, acaba servindo de exemplo de como um montador consegue gerar elementos narrativos apenas manipulando os diferentes recursos dos softwares de edição. E nisso há slows, fasts, composições de imagens, animações de diferentes estilos. Achei legal chegar na hora da edição apenas com uma idéia inicial do que pode ser feito e ir com o tempo encontrando significado no cruzamento entre as diferentes coisas que aconteceram em frente da câmera.

O curta acaba de ser selecionado para a interessante Mostra do Filme Livre, que acontece este mês no Rio de Janeiro e previlegia o cinema independente, alternativo, livre das tais leis de incentivo (ver a página do festival aqui). Por isso não está disponível na Internet (desculpa!); a exclusividade deve ser dos tais festivais. Mas deixo vocês com algumas imagens dele abaixo, para que possam visualizar (ou imaginar) um pouco melhor o que acontece.

Para fazer o curta contei com a essencial (e genial) ajuda de Gustavo Junqueira na captura de imagens; animação de André Berger, Bruno Bertogna, Edgar R. Pinho, Julia A. Baranguán, Paty Blumenthal e Thiago Assan Piwowarczyk; e música de Fábio Massa.

Gostaria então de agradecer nesse espaço à Mostra do Filme Livre, por apostar nesta idéia, e a todos estes que fizeram com que o curta-metragem ficasse tão legal como ficou.

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